Embora todos nós venhamos ao mundo com certas personalidades e traços de caráter já formados, é uma verdade inquestionável que aprendemos muito com nossos pais. E isso inclui tudo relacionado às emoções: como comunicar sentimentos aos outros, como buscar apoio emocional quando necessário e como — para o bem ou para o mal — controlar nossas emoções.
Um dos fatores que pode criar um abismo entre pais e filhos é algo conhecido como “distância emocional”. Especialistas compartilham a definição desse termo e quatro características comuns de pessoas que foram criadas por pais emocionalmente distantes. Além disso, como essas características podem estar se manifestando em você hoje.
O Que É Um Pai Emocionalmente Distante?
A Dra. Lisa Masse, psicóloga clínica licenciada e Diretora Regional de Testes da Nova Inglaterra para LifeStance Health, explica que alguém emocionalmente distante pode ser descrito como uma pessoa que tem dificuldade em identificar seus próprios sentimentos, assim como em reconhecer os sentimentos dos outros.
“Um pai emocionalmente distante pode ter dificuldade em adotar a perspectiva de seu filho e lutar para validar ou demonstrar empatia em algumas situações, particularmente quando sentimentos intensos, como raiva ou tristeza, estão envolvidos”, diz ela.
Por exemplo, um pai emocionalmente distante pode dizer a uma criança frases como “Pare de chorar”, “Supere isso” ou “Não é nada demais”, em vez de validar os sentimentos da criança e oferecer conforto e apoio.
“Um pai emocionalmente distante também pode ter dificuldade em expressar seus próprios sentimentos, o que pode prejudicar a conexão emocional com seu filho, entre outros em sua vida”, acrescenta a Dra. Masse. “Uma criança nessa situação pode sentir que seu pai está desligado ou não está consistentemente disponível emocionalmente.”
4 Características de Pessoas Criadas por Pais Emocionalmente Distantes
Se a definição acima soa muito parecida com um ou ambos os seus pais, você pode estar exibindo os impactos dessa forma de criação em sua vida diária.
1. Dificuldades com Conexões Sociais
Se você foi criado por um pai emocionalmente distante, pode notar que alguns elementos da conexão social parecem difíceis ou desconfortáveis para você, segundo a Dra. Masse.
Além disso, ela diz que o apego em relacionamentos adultos pode ser desafiador para você. Você pode tender a ser excessivamente dependente de um amigo ou parceiro para obter atenção, ou pode se tornar hiperindependente, permanecendo fechado aos outros e preferindo lidar com as coisas sozinho.
2. Problemas com Autoestima e Senso de Identidade
A Dra. Masse explica que algumas pessoas criadas por pais emocionalmente distantes podem lutar com sua autoestima e senso de identidade, questionando seu próprio valor e capacidade de serem amadas.
Essa insegurança profunda pode se manifestar de diversas maneiras na vida adulta, desde a dificuldade em aceitar elogios até a tendência de se colocar em relacionamentos onde não são valorizadas adequadamente.
3. Necessidade Constante de Validação
Muitas pessoas que cresceram sem o apoio emocional adequado desenvolvem uma sede insaciável por validação externa. Essa busca constante por aprovação e reconhecimento dos outros vem do anseio pelas conexões emocionais que faltaram durante a infância.
Elas podem se encontrar constantemente procurando confirmação de que estão fazendo as coisas certas, que são boas o suficiente ou que merecem amor — algo que deveria ter sido estabelecido na base de sua formação.
4. Dificuldade em Expressar Vulnerabilidade
Crescer em um ambiente onde as emoções não eram valorizadas ou validadas frequentemente leva as pessoas a equiparar vulnerabilidade com fraqueza ou rejeição. Como resultado, elas podem evitar conexões emocionais profundas em seus relacionamentos, mantendo sempre uma distância segura dos outros.
Essa proteção emocional, embora seja um mecanismo de defesa compreensível, pode impedir a formação de vínculos verdadeiramente íntimos e significativos na vida adulta.
Como Lidar com Essas Características
Se você está lidando com uma, algumas ou todas essas características, a vida diária pode ser difícil às vezes. É por isso que a Dra. Masse diz que buscar psicoterapia pode ajudá-lo a trabalhar para construir apegos saudáveis e desenvolver habilidades para nutrir relacionamentos.
“A terapia também pode ajudá-lo a lidar com sentimentos relacionados à sua criação e família de origem”, ela observa.
O processo de cura não acontece da noite para o dia, mas reconhecer esses padrões é o primeiro passo importante. Com o apoio adequado e o trabalho pessoal, é possível desenvolver relacionamentos mais saudáveis e uma conexão mais profunda consigo mesmo e com os outros.
Lembre-se: não há vergonha em buscar ajuda profissional. Muitas pessoas se beneficiam enormemente ao trabalhar com um terapeuta que pode oferecer ferramentas e estratégias específicas para superar os desafios da infância e construir uma vida emocional mais rica e satisfatória.
